OS PERIGOS DE NOVA ACRÓPOLE
(Ante scriptum: Ou leia diretamente aqui a conclusão: "Dentro desses parâmetros, claramente descritos a Nova Acrópole realmente pode ser considerada uma instituição religiosa. O caráter destrutivo e neonazista serão analisados em outro texto. Quanto a possíveis contra-argumentações sobre seita ou não, podem fazer o alarde que quiserem. (...) Mas não se deve esquecer que com esse breve relato da vivência e texto acropolitano já se pode aferir que a Nova Acrópole é tudo, menos uma mera Associação Cultural de curso livre de filosofia." Ou o texto integral a seguir.)
Nova Acrópole é considerada por muitos no Brasil como uma associação cultural, mas na verdade é uma seita destrutiva. Primeiramente o que se caracteriza uma seita, e em que relação a Nova Acrópole se enquadra nesse sentido? Em segundo momento analisaremos o que na Nova Acrópole acontece para que ela seja considerada um culto destrutivo.
O sectarismo “não é de nenhuma maneira um problema religioso. É o uso e abuso de maneira consciente ou “automática” das leis que regem o comportamento humano, tendendo adquirir poder ou controle sobre os demais, obtendo desse modo benefícios econômicos, sexuais e ou sociais entre tantos outros logros."
Primeiramente, o que se caracteriza uma religião seria:
1. Crenças, práticas e instituições relacionadas com:a. Forças , seres ou metas sobrenaturais;
b. Um poder— ou poderes — invisível e superior;
c. a preocupação com os fins últimos do ser humano;
d. aspectos sagrados (elementos reservados e ou proibidos);
e. um objeto de devoção espiritual;
f. uma entidade que controla o destino do ser humano;
g. o âmbito do ser;
h. uma fonte de conhecimentos e sabedoria transcendental.
2. Práticas que supõem comportamentos de obediência e reverência ou culto.
3. Caráter coletivo ou grupal da expressão da vida religiosa.
Vamos analisar cada tópico e relacioná-los com a Nova Acrópole, citando trechos de seus textos e das palavras também auditas durante a vivência acropolitana.
A Nova Acrópole não se considera um culto, ou uma religião ou mesmo uma seita. No entanto, suas condutas e seus preceitos acabam por caracterizá-la dessa forma. Por exemplo, cada um dos tópicos relacionados acima agora demonstrados frente a Nova Acrópole:
1. Crenças, práticas e instituições relacionadas com:
1.a. Forças , seres ou metas sobrenaturais;
Para os iniciantes, aqueles que ainda não terminaram o chamado “Primeiro Nível” dos estudos acropolitanos a Nova Acrópole é uma Associação Cultural que tem como o objetivo construir um mundo novo e melhor. Muito poético isso. Quando se termina o primeiro nível tem-se a apresentação um pouco maior do que é realmente a Nova Acrópole, mas não algo que lhe possa dar claramente juízo de valores sobre a organização ( é o curso chamado “Transpasso”). Mas se comenta por exemplo, dos Mestres do Mundo, demiurgos, duendes e deuses com muita freqüência. Ainda nas primeiras aulas, ou doutrinação do Primeiro Nível se diz por exemplo de Ética e Moral atemporal, e logo depois se fala de constituição septenária do ser- humano. Até ai tudo bem, diriam os acropolitanos, estamos estudando uma filosofia diferente. No entanto, começa –se a dizer sobre os Kuravas e Pandavas (a concepção do que podemos chamar de “pecado acropolitano” ou o que vai gerar o remorso no futuro provacionista). Não se dá aqui, somente do que se fala e sim do modo como são tratados os assuntos.
(Ante scriptum: Ou leia diretamente aqui a conclusão: "Dentro desses parâmetros, claramente descritos a Nova Acrópole realmente pode ser considerada uma instituição religiosa. O caráter destrutivo e neonazista serão analisados em outro texto. Quanto a possíveis contra-argumentações sobre seita ou não, podem fazer o alarde que quiserem. (...) Mas não se deve esquecer que com esse breve relato da vivência e texto acropolitano já se pode aferir que a Nova Acrópole é tudo, menos uma mera Associação Cultural de curso livre de filosofia." Ou o texto integral a seguir.)
Nova Acrópole é considerada por muitos no Brasil como uma associação cultural, mas na verdade é uma seita destrutiva. Primeiramente o que se caracteriza uma seita, e em que relação a Nova Acrópole se enquadra nesse sentido? Em segundo momento analisaremos o que na Nova Acrópole acontece para que ela seja considerada um culto destrutivo.
O sectarismo “não é de nenhuma maneira um problema religioso. É o uso e abuso de maneira consciente ou “automática” das leis que regem o comportamento humano, tendendo adquirir poder ou controle sobre os demais, obtendo desse modo benefícios econômicos, sexuais e ou sociais entre tantos outros logros."
Primeiramente, o que se caracteriza uma religião seria:
1. Crenças, práticas e instituições relacionadas com:a. Forças , seres ou metas sobrenaturais;
b. Um poder— ou poderes — invisível e superior;
c. a preocupação com os fins últimos do ser humano;
d. aspectos sagrados (elementos reservados e ou proibidos);
e. um objeto de devoção espiritual;
f. uma entidade que controla o destino do ser humano;
g. o âmbito do ser;
h. uma fonte de conhecimentos e sabedoria transcendental.
2. Práticas que supõem comportamentos de obediência e reverência ou culto.
3. Caráter coletivo ou grupal da expressão da vida religiosa.
Vamos analisar cada tópico e relacioná-los com a Nova Acrópole, citando trechos de seus textos e das palavras também auditas durante a vivência acropolitana.
A Nova Acrópole não se considera um culto, ou uma religião ou mesmo uma seita. No entanto, suas condutas e seus preceitos acabam por caracterizá-la dessa forma. Por exemplo, cada um dos tópicos relacionados acima agora demonstrados frente a Nova Acrópole:
1. Crenças, práticas e instituições relacionadas com:
1.a. Forças , seres ou metas sobrenaturais;
Para os iniciantes, aqueles que ainda não terminaram o chamado “Primeiro Nível” dos estudos acropolitanos a Nova Acrópole é uma Associação Cultural que tem como o objetivo construir um mundo novo e melhor. Muito poético isso. Quando se termina o primeiro nível tem-se a apresentação um pouco maior do que é realmente a Nova Acrópole, mas não algo que lhe possa dar claramente juízo de valores sobre a organização ( é o curso chamado “Transpasso”). Mas se comenta por exemplo, dos Mestres do Mundo, demiurgos, duendes e deuses com muita freqüência. Ainda nas primeiras aulas, ou doutrinação do Primeiro Nível se diz por exemplo de Ética e Moral atemporal, e logo depois se fala de constituição septenária do ser- humano. Até ai tudo bem, diriam os acropolitanos, estamos estudando uma filosofia diferente. No entanto, começa –se a dizer sobre os Kuravas e Pandavas (a concepção do que podemos chamar de “pecado acropolitano” ou o que vai gerar o remorso no futuro provacionista). Não se dá aqui, somente do que se fala e sim do modo como são tratados os assuntos.
![](https://web.archive.org/web/20110930181650im_/http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/Lion-faced_deity.jpg)
Na página 13 da apostila de Primeiro Nível, ou no 2° parágrafo do subtítulo Constituição Septenária se diz “ Se, para fins de estudo, reconhecermos sete componentes no homem, não esqueçamos de que não se tratam de divisões físicas mensuráveis, mas de diferentes motores que anima o ser vivo.” . Começa aqui a implantação da “teologia” acropolitana, que vai gerar a dependência num futuro breve do neófito. No próximo parágrafo já se comenta através da variável subjetiva da importância do número sete na natureza. Ainda comentando sobre a idéia de força sobrenatural somente nesse módulo I de Ética do Nível I temos na página 16, ou na última página da apostila o seguinte parágrafo: “Passar do perecível ao imperecível, do quaternário aos princípios superiores, implica um sacrifício que poderíamos conceber como um trabalho mais próprio do homem: a conquista do Ser. É uma possessão que não corre o risco de perda. Se nos apropriarmos do que é eterno, desaparecem totalmente o temor e a angústia. Mas nós falamos de sacrifício porque certamente é doloroso arrancar a venda dos olhos e contemplar a clara luz do dia, a pura luz da verdade.(...).” Aqui fica claro a crença acropolitana numa força superior e sobrenatural que rege o corpo do indivíduo, dividindo-o em sete partes, e propõe através do sacrifício (palavra que eles denotam como “sagrado ofício) a busca da parte superior dessa divisão com o objetivo de se “converter em super-homens cada vez mais parecidos com Deus, do qual surgimos”.[2]
Para aqueles que concluem o primeiro nível e passam pelo ritual de iniciação que é chamado pelos acropolitanos de “Formatura” vai se receber um “Diploma de Honra” onde se tem uma Oração do Homem Novo de Jorge Angel Livraga, (fundador da Nova Acrópole junto com sua esposa, Ada Albrecht). Nessa oração tem-se as seguintes palavras no final: “se reconheces que todo o visível e mensurável/ é a sombra do invisível e incomensurável;/ Se dás prioridade ao espírito/ sobre a carne passageira// se reconheces tudo isso.../ o homem novo és tu!”. Podemos estar falando simplesmente de um conjunto de crenças, certo? Mas acho que não podemos deixar esquecer que Nova Acrópole é uma Associação Cultural e não um culto... Será mesmo? Continuando...
E os seres sobrenaturais que regem a Nova Acrópole? Bem, vale ressaltar uma estorieta que é falada com muito orgulho, e com tom extraordinário e místico aos ouvidos dos que vão ao Módulo em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos - SP. Conta-se que o lugar foi escolhido por Michel Echenique Isasa, Diretor da Nova Acrópole na América do Sul e controverso mestre de artes marciais, porque ele conseguiu identificar a presença de um Deva[3] ali na região. Seria o Deva do Amor e do Trabalho, o que combinaria perfeitamente com o ideal acropolitano. Mas não querendo me passar por alguém que cometeu simplesmente um erro de compreensão de uma história contada, ou para dizer que a história é mentira prefiro então me ater a textos internos da própria Nova Acrópole.
Não quero entrar nesse texto ainda em matérias do segundo nível para que aja possibilidade de constatação mais direta de todos, e não somente dos chamados “provacionistas”. Pois bem, no Nível I, filosofia da História Módulo III- tema V se fala de Dharma-Kharma, Buda e a Libertação da História. Na página 242, 2° parágrafo lê-se: “Pois se os Deuses nos pudessem libertar já o teriam feito, sem condições nem contratos prévios, por simples Amor. Mas eles não podem fazê-los. Os Deuses e os Mestres podem unicamente nos ensinar a via que eles mesmos percorreram antes de nós, mas que não podem percorrer por nós”. Aqui pode-se ver que a Nova Acrópole acredita em Deuses e Mestres superiores e sobrenaturais. A própria organização se diz um plano dos Deuses[4] para preparar o mundo para a sexta sub-raça, a raça ariana.
![](https://web.archive.org/web/20110930181650im_/https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5xrwENSQwjyNcd8Shvv2NtMyE819ilq_KpusSveoofiW-5y8pXaiaMHjRn_Rc3GQBGGvYqNJyKr0o2TsrSH2ERJzKvreLvGi-hfJ-T06E_guuEzNoVG7fQ6yXoPL1jAHaK31JC_2kODA/s400/elementais.jpg)
Temos ainda o livro de Jorge Angel Livraga, Os Espírito elementais da Natureza, dedicado a um gnomo que era um amigo pessoal do autor. O livro dá conselhos de como visualizar elfos e fadas (o material é basicamente tirado de velhos textos Teosóficos, especialmente dos escritos mais criativos) e é atualmente apresentado como um livro de ecologia muito lido pelos integrantes do GEA (Grupo de Ecologia Activa), o braço pseudo-ecológico da Nova Acrópole. Vale ressaltar, apesar de querer evitar para não dificultar o acesso à confirmação, na apostila de Nível II sobre Introdução à Sabedoria do Oriente o Tema XIII, Zoologia fala de uma lista vasta de seres sobrenaturais que regem o fogo, do ar da água e da terra, os elementais. Sim, Nova Acrópole realmente acredita em Duende e em fadinhas, desculpe-me digo Silfos. Lembrem-se Nova Acrópole se diz uma Associação Cultural. Vale ainda dizer o cuidado ridículo que os acropolitanos passam a ter com seres inanimados. Dão nomes próprios a plantas e a carros. Qualquer objeto tem seu gênio, ou elemental que rege sua existência.
O mais controverso de tudo, e que é a ponta máxima de objetivos da Nova Acrópole, que tem como slogan “Construir um mundo novo e melhor” é a preparação da terra para uma nova raça. Na apostila do curso de Nível II, Introdução à Sabedoria do Oriente temos o tema III, ou antropogênese oculta. Ali comenta-se da Sexta Raça:
“Desenvolver-se-á a partir de da hoje nascente sexta-sub-raça da quinta raça. Terá por base a América do Norte e um continente polinésico que surgirá pouco a pouco das águas(daqui há muitos milênios), ao mesmo tempo que uma parte da Ásia e da Europa ficarão cobertas.
Desenvolverá um sexto sentido que será a clarividência, ou seja, a percepção das coisas hoje invisíveis e distantes, aptidão de grande utilidade na investigação científica, que será mais racional do que agora(...)”
Ainda comentando dessa nova raça e onde se relata mais detalhadamente o objetivo de Nova Acrópole temos os boletins mensais chamados Bastion. Só lhes são permitidos ler aqueles que completaram o Nível I. Então aconselho a ler o Bastion n° 3 e 106 onde Jorge Angel Livraga comenta sobre a raça ariana.
Sobre a quinta raça, que seria a qual nós, meros mortais e não-acropolitanos pertencemos, tem-se um trecho também digno de nota: “Constituem hoje a assim chamada raça-branca e ainda são numericamente inferiores, embora já dominem decisivamente os restos Lêmures e Atlantes que, com o correr da evolução e novas mudanças da natureza, irão desaparecendo.”
Acho importante citar um trecho ainda que explica o que são as raças, ou os restos, Lêmures e Atlantes para a Nova Acrópole: “Hoje, a maior parte da população é de origem Atlante pois ainda se conservam bem organizadas as sexta e sétima sub-raças, que são os Chineses-Mongóis e os Japoneses respectivamente. Os indígenas americanos, Lapões, Árabes, entre outros, são fragmentos de outras sub-raças e tribos Atlantes que sofreram mutação. Isto não surpreenderá muito o leitor se souber que ainda subsistem formas muito modificadas das Humanidades Lêmures, que constituem os negros em geral e algumas tribos africanas e australo-polinésicas, em especial. "[5] Acredito eu, que não é necessário explicar mais o que os dois últimos dois trechos dizem, precisa? Bom, para não arriscar e não deixar a conclusão para os que já tiveram a mente clareada, Nova Acrópole, realmente, é a favor dasupremacia racial branca.
Outro tópico para explicar que Nova Acrópole é uma religião:
1.b. Um poder— ou poderes — invisível e superior;
Nova Acrópole, além de se dizer uma organização baseada nas concepções dos Deuses e que foi fundada por JAL (Jorge Angel Livraga Rizzi), se esquecendo em seus textos oficiais totalmente da esposa de JAL, a Ada D. Albrecht, ou ADA. Na hierarquia dos Deuses, a expressão de suas vontades seria o ideal político que a Nova Acrópole vai empregar, primeiramente em seu próprio âmbito e depois em toda a sociedade. Esse desígnio se deu pelo então presidente da Sociedade Teosófica Mundial Sri Ram. Este recebeu a ordem direta dos deuses para estabelecer a Nova Acrópole no mundo, e testou três discípulos para a tarefa, onde JAL conseguiu o desígnio[6]. Em vários momentos nos textos acropolitanos, esses mesmos de circulação livre a presença de tal hierarquia ou poder invisível ou superior é citado. Tal hierarquia é chamada pelos acropolitanos experientes, como a Grande Fraternidade Branca.
Na apostila de Nível II — Introdução à Sabedoria do Oriente na página 107 ou o tema VIII temos uma breve explicação do que é segundo Jorge Angel Livraga Rizzi a Grande Fraternidade Branca:
“ (...) O certo é que, através de algumas insinuações dos Grandes Mestres da Humanidade, chegou-se a conhecer a existência — absolutamente lógica— de um Governo do Mundo ou Hierarquia Planetária, formada pelos Deuses e por Aqueles que superaram a etapa humana. Assim, só os seus componentes a conhecem e nós, humanos vemos apenas as sombras confusas que se contrapõe a tão intensa Luz.
Por outro lado, já falamos da Tríade Planetária formada por Mahachohan ,Budhisatwa e Manu; eles são os três Reitores das raças humanas e formam em conjunto o chamado “Coração Flamejante da Hierarquia”. Como coroa resplandecente, rodeiam-nos os Gloriosos Adeptos que completaram a Quarta Iniciação Planetária, ponto culminante da Evolução desta Humanidade na Cadeia Terrestre. À sua volta, cada vez mais afastados hierarquicamente do “ Coração”, estão os Iniciados de Terceira, Segunda e Primeira Iniciação. E constituindo o último e o mais ínfimo elo entre os Deuses e os Homens, estão os Discípulos Aceitos, após os quais se vêem os Discípulos em Provas, os Filósofos, os Idealistas e o restante da Humanidade. (...)”
É relevante ressaltar ainda uma experiência para se dizer mais sobre esse poder invisível. Lembro-me que o meu mestre(no caso um reles chefe de uma escola) numa ocasião nos alertou sobre os desígnios ruins daqueles que fossem contra a Nova Acrópole, porque estaria indo contra uma obra dos Deuses. Esse, que seria contra a Nova Acrópole, muito sofreria pela ira dos Deuses.
Em outras muitas passagens a referência a Deuses e mestres é muito comum. Acontece de uma forma tão imperceptível e natural que acaba gerando inverdades sobre alguns pontos discorridos. Sugere o que chamamos de estímulo paradoxal, porém o paradoxo passa desapercebido, enganando o raciocínio lógico e atingindo diretamente o inconsciente do candidato a discípulo. Esse além do aspecto de vislumbre que está submetido por ouvir sobre coisas e filosofias que jamais imaginara, torna-se uma presa fácil para a estrutura acropolitana. Vejamos alguns exemplos na apostila de Nível I.
O módulo IV de Ética, na apostila de Nível I, fala-se de Buda. Na parte “A Vida de Buda: resumo” no último parágrafo da 1ª página(pg 56) desse tópico temos“(...) diz-nos a história que os deuses agiram de uma forma tal que o príncipe compreendeu plenamente o curso que deveria dar a sua existência.” Provavelmente você que nunca estudou budismo de uma outra forma não percebe o que chamamos de estímulo paradoxal. Na história de Buda não se menciona a ação de deuses. Á não ser na versão Acropolitana. Logo no parágrafo seguinte tem-se o pensamento de Buda de forma direta, sugerindo palavras ditas por ele próprio: “Que sentido tem essa vida de todos nós?” “ Por que a Divindade dá a vida e ao mesmo tempo tanta dor?” Aqui se tem a personificação da Divindade como alguém, como um sujeito. Isso contraria uma idéia classicamente falada sobre o budismo da despersonificação da divindade, ou seja, a divindade não é alguém.
Ainda sobre o mesmo texto tem-se no 3° parágrafo da página 57 : “ Assim fortalecido, e sob o amparo da árvore Bodhi, a árvore da sabedoria, após superar as provas recebeu a iluminação que o libertou para sempre dos laços do nascimento, da velhice, da enfermidade e da morte.” Como é bonita a estória de Buda. Só que tem uma coisa, ele encontrou ou descobriu a iluminação ou alguém lhe concedeu? Se é alguém acho, como nos diz claramente o texto, prova-se mais uma vez a destreza de Ada D. Albrecht, autora do texto e fundadora juntamente com Jorge Angel Livraga Rizzi da Nova Acrópole, para atribuir ações a seus tão poderosos seres superiores.
Pode-se um acropolitano alegar diante dessas afirmações acima que tudo não passa de meros recursos didáticos para expressão da filosofia. Perfeitamente. Então como pode-se negar que se cultua as figuras já mortas de JAL, Blavatsky, Sri Ram, e ainda em outros textos se mostra a submissão na ordem hierárquica que se tem que tomar. E como em muitas ocasiões se comenta de magos negros que conspiram contra Nova Acrópole ou de Demiurgos e outros tantos seres de ordem mística que se exercitam sobre a organização do mundo, de acordo com as idéias acropolitanas? Acho bom lembrar que tudo não passava de uma associação cultural com estudo de filosofia...
1.c. a preocupação com os fins últimos do ser humano;
Como estava comentando sobre Buda anteriormente e o texto da apostila de Nível I vale citar um outro trecho que comprova a preocupação com os fins últimos do ser humano Parágrafo 4° pg 57 “ Vida de Buda: resumo” “(...)Haver conquistado a iluminação é haver superado amplamente a etapa humana; ter chegado ao Nirvana, à libertação, é haver também superado os deuses, porque a eternidade já se deslumbrou”. O que podemos dizer aqui, além da presença de Deuses ao se estudar Buda, o que é algo muito estranho tem-se a sugestão de superar a etapa humana. Para o budismo o que tem que ser superado é a si mesmo, e não buscar de deixar ser humano. Quanto à teologia acropolitana, se é que pode ser chamada de teologia, o alcançar a Deus, ou aos Deuses seria deixar as temporalidades humanas. Fiquei atônito quantos acropolitanos não tinham a atitude de “Formação de caráter” onde para superar a etapa humana o indivíduo tem que deixar suas coisas: vendiam seus cds favoritos, só porque não eram as músicas clássicas ou que elevavam o espírito de acordo com a concepção artística acropolitana. (o braço pseudo-artístico da Nova Acrópole se chama Instituto Tristan e seus preceitos podem ser muito facilmente apreendidos ao se dar de frente com a revolução cultural nazista no pré-guerra).
Voltando a questão dos fins últimos do ser humano. Além da questão das raças como foi analisado no tópico sobre metas sobrenaturais, a Nova Acrópole tem a implementação do Homem-Novo. No livro “Cartas à Délia e Fernando”[9] de Jorge Angel Livragra Rizzi tem-se a concepção bem clara do que seria o homem novo. Logo no capítulo I “Sobre os distintos tipos de Homens” na página 15 da edição onde se pergunta o que é o Homem-novo: “(...) Translada esta imagem à atual Raça que rege o mundo. Em seu seio gera-se lentamente uma nova. Suas primeiras expressões lhe causam dor, (...) desta Humanidade mutante e multiforme nascerá outra de um fogo mais vertical, uma forma de “Fogo Frio” de uma verticalidade teológica constante. Antes de formar uma raça propriamente dita, constituirá uma “Estirpe” nova.(...)As característica psicológicas e físicas virão mais tarde, como vem a sombra sobre o solo quando a águia toma altura”. E caracteríza-se esse Homem Novo logo abaixo na próxima pergunta sobre se já existem desses seres que pertencem a essa nova raça. Eis o trecho da resposta: “(...) já existe em vocês(referindo-se a Delia e Fernando) e em todo Acropolitano algo desse Homem-Novo, (...).Essas idéias grandiosas e torturantes que os assaltam pelas noites, as ânsias de conquistar o mundo para um Ideal, o arranque emocional que os faz vencer as barreiras do cansaço, (...)", a obediência que se antepõe aos seus instintos. Pode-se dizer, aquele que defende o pensamento acropolitano que o Homem-Novo nada mais é do que uma evolução espiritual e de condições de pensamento do homem atual. Mas eu pensei que era uma Associação Cultural, e que esses méritos de evolução espiritual teriam um caráter mais religioso. E além do mais, esse Homem-Novo é a chamada raça ariana que já foi comentada nesse texto. Mas digamos ainda da liberdade de crença, que o acropolitano pode acreditar nisso ou não. Que isso não é uma necessidade para ser acropolitano, acreditar nessas tais sub-raças e superação da etapa humana ou coisas semelhantes.
Só que...
Como muitos acropolitanos vão rechaçar esse tópico dizendo que a superação da raça humana é somente uma nova maneira de ver o mundo, e de se organizar nele. No entanto, a maior parte dessas pessoas não leram, nem vivenciaram devidamente essa superação. Que fique bem claro, você só consegue subir na hierarquia acropolitana se subjugar sua vida aos interesses da instituição. Essa entrega significa você abandonar tudo na sua vida que não seja acropolitano.
d. aspectos sagrados (elementos reservados e ou proibidos);
Nova Acrópole têm vários símbolos e condutas escusas. Têm um tom secreto, sem o caráter de exibição, tipicamente de elementos religiosos com o seu valor de culto e reverência.[10] A maioria desses símbolos não são dados ao conhecimento aos alunos de I Nível ou meros ouvintes de palestras de fins de semana, ou do círculo de amigos. No Transpasso alguns desses símbolos são apresentados. Ainda em discípulos de II Nível alguns desses símbolos e rituais não são largamente difundidos. Eis aqui alguns desses.
A ÁGUIA
O símbolo básico da Nova Acrópole, e também o símbolo oficial é a Águia com as asas levantadas sobre uma roda enrolada em folhas, onde dentro estão cruzados uma tocha, uma pena e um machado de dois gumes (labris).
A águia ou o estandarte, como é comumente nomeado pelos acropolitanos, é o símbolo oficial da Nova Acrópole. O caso é que a Nova Acrópole praticou uma lavagem de imagem, fazendo o seu símbolo ser de ordem somente interna. Segundo eles, por causa dos constantes ataques que a instituição sofria.
O símbolo da águia é muito difundido como o signo de inviolabilidade e de origem nos deuses das autoridades ditatoriais. No império romano e no regime nazista. A diferença entre a Águia Nazista e a Águia Acropolitana é que as asas acropolitanas são mais levantadas e, que em lugar do machado, da pena e da tocha se tem a suástica.
O CUMPRIMENTO
O cumprimento oficial acropolitano é o braço direito levantado acima da cabeça, com a palma da mão aberta formando uma linha reta entre o braço e a mão dizendo “Ave”.
Esse cumprimento é sempre feito frente a Águia e acropolitanos mestres. É chamada de cumprimento Romano.
Em algumas ocasiões os homens do Corpo de Segurança levam a mão até o peito e gritam forte “Ave”.
Não me esqueço de uma situação no Módulo São Jorge em São Francisco Xavier , SP na festa da Primavera. No início de um dia específico tinha a cerimônia de receber a primavera. Isso começava um pouco antes do nascer do sol. Todos os acropolitanos no anfiteatro grego e Michel Echenique Isasa falava com o seu português roto. Então todos estendiam a mão direita e gritava “AVE” quando o sol despontava por entre as estátuas dos deuses gregos colocados na parte de cima.
O MACHADO
O machado de dois gumes (labris) é um símbolo que é levado no peito pelos “Mandos Machado” — é um tipo de elite das Forças Vivas da Nova Acrópole. O Machado Acropolitano é acompanhado por correntes que refletem o nível da carreira do mestre. A essas pessoas constantemente tem-se que se referenciar de alguma forma. Ou com o braço levantado dizendo “AVE”, ou se levantando quando ele entra no recinto.
Quando um Mando Machado visita uma sede acropolitana toda a sua rotina é mudada. Aumenta-se a panfletagem, e o empenho sobre a divulgação da Nova Acrópole.
O TEMPLO
O templo é o lugar reservado onde além do estandarte da Águia se tem outros elementos de culto da Nova Acrópole. Somente uma pessoa participante do corpo de Forças Vivas entra nesses recintos. Os outros entram somente se convidado.
Há fotos dos mestres a serem cultuados nesse recinto, como Blavatsky, JAL, SRI RAM e até mesmo Michel Echenique. Tem-se várias inscrições em hieróglifos. Uma lamparina usada em outras cerimônias.
Antes dos trabalhos realizados na Nova Acrópole se vai a esse templo e se diz o motivo pelo qual se trabalha naquele dia. Em geral a fórmula é sempre a mesma, “fazemos isso hoje em nome do Ideal, assim como as pessoas nas sociedades antigas faziam seus trabalhos de forma desinteressada e impessoal”[11].
AS CERIMÔNIAS
A primeira cerimônia que um neófito participa é marcada por um grande ar de mistério. É a cerimônia de “FORMATURA” que acontece ao final do Transpasso, e marca o início do II Nível .
Tem a cerimônia de Fim de Ano, onde o Chefe Mundial, no momento Delia Steiberg Guzman tem por inspiração dos Deuses o lema do ano e passa toda a mensagem de ano novo para todos os países.
“ O Dia do Lótus Branco” ou o dia dos “Mestres” acontece no dia 8 de maio de todo ano. É o dia da morte de Blavatsky. É também a data da “Plenitude de Maio” (momento em que é considerado o aniversário da iluminação de Buda). Na Nova Acrópole se explica que cada ano, nesse dia, os “Grandes Mestres” “se preparam para a humanidade toda entrar no nirvana”. O objetivo dessa cerimônia é confirmar a fé dos discípulos para com os seus mestres, e a prontidão desses para servir aos mestres, e estarem sempre dispostos a isso.
Sempre acontece uma parte de um juramento. O Discípulo acropolitano tem que jurar, mentalmente ou não, que vai estar na Nova Acrópole por mais 10 anos, 15 anos.
Dia da Morte de Jorge Angel Livraga (JAL)
7 de Outubro, dia da morte do fundador da Nova Acrópole. É uma série de plantões de 24 horas no templo. Essa série é chamada de “Corrente” e é feita para restaurar a unidade dos discípulos para com os seus mestres e tem alguns outras propostas místicas, de supervivência emocional e vivência de grupo. Assim como elementos de devoção e religiosidade.
Outros Símbolos e Condutas
Outros símbolos são usados pelos componentes das Forças Vivas. As condutas serão mostradas em um texto sobre o “Controle da Consciência”.
O Corpo de Segurança tem como símbolo um Raio, uma onda e um S envolto todos em um laço.
A Brigada Feminina tem a chamada “Barca de Isis” como símbolo. É uma barca com uma bandeira.
A Brigada Masculina leva no peito o símbolo de quatro mãos segurando uma engrenagem.
Todos esses três símbolos são usados nos uniformes que são vestidos em situações de cerimônia e no Módulo São Jorge, em momentos de trabalho.
JAL assinava como Anúbis, divindade egípcia também conhecida como o Deus da morte. Mas segundo os acropolitanos o Chacal que representa Anúbis é o deus que guia os discípulos. Além de ser o deus da morte, Anúbis, para muitos filho de Seth, é também o deus do embalsamo.
Delia Steinberg Guzman também assina como uma divindade egípcia mas que até então ninguém ousou nomear para os discípulos.
e. um objeto de devoção espiritual;
Além dos próprios símbolos a devoção é feita até com os mestres. A pessoa que freqüenta Nova Acrópole tem que deixar de ser um mero aluno. Passa a ser um discípulo. De forma bem clara ainda na apostila de I Nível, se mostra essa diferença. No Tópico “O Papel da Vida Moral no Discipulado: Sua Razão” encontra-se no 2° e 3° parágrafos:
"Somente o discípulo é capaz de compreender intimamente o ensinamento do Mestre, ao tempo em que tenta aplicar em si mesmo o que lhe é ensinado. O discípulo trata de realizar o que entendemos por vida moral. Ele não se conforma com a mera captação mental da instrução, mas se esforça em transmiti-la e também de transmutar seu Ser interior. Este é o sentido mais elevado da alquimia: a transformação dos homens de barro em homens de ouro.
Há três virtudes básicas que caracterizam o discípulo: Devoção, Investigação e Serviço. Vemos nisso o complexo íntegro do ser humano em ação. Sua devoção, mediante a fé, aproxima-o das verdades necessárias. Mas, se afã de buscar unicamente a verdade obriga-o à investigação. Quando, pela investigação, liga-se finalmente com o verdadeiro, põe-se a disposição do Mestre, mediante o serviço de seus pensamentos e atos".
A devoção ao mestre, e dedicação através do serviço de seus pensamentos e atos chega a uma atrocidade de conduta contra a própria liberdade. Isso vem tudo mascarado de Associação Cultural, o que na verdade é uma seita de caráter destrutivo. A submissão de sua consciência e de seus atos ao seu mestre é a grande violência até hoje praticada pela Nova Acrópole em larga escala. O indivíduo que entra na Nova Acrópole não sabe que terá que fazer reverências e “AVEs” a águia solar, aos mestres, terá que controlar os seus sentimentos em relação aquilo que gosta, vai ter que “se limpar de personalismos” como os CDs que mais gosta, deixar de estar com os seus amigos[12]. Se soubesse antes de entrar na Nova Acrópole que estava se afiliando na verdade a uma seita destrutiva a liberdade de escolha seria reservada. Em um outro texto será analisado como se dá o envolvimento da pessoa com a Nova Acrópole mediante a suplantação de sua vontade pela vontade do mestre (a lavagem Cerebral).
Ainda sobre a devoção ao mestre e seus mandos, tem-se um trecho do livro “Cartas à Delia e Fernando” sobre o tópico de Como Conduzir ao demais quando não se está totalmente Maduro” em que se deixa claro a submissão a essa devoção : “(...) renovar-se quando se sintam cansados, e nem conceber mentalmente a possibilidade de ceder às durezas de seus sacrifícios"[13] (...). E também no tópico XV “Prós e Contras da solidão e da companhia para um Idealista” do mesmo livro se tem o quase provérbio acropolitano: “E se tivermos que eleger o que devemos fazer, entre o que nós queremos e o que é válido ao Ideal, elejamos sempre o último[14]. Não somente por militânica, senão porque o que quer o Ideal, se está bem entendido, há de ser sempre Bom e Luminoso, e ainda o melhor para nós mesmos”. Aqui não se deve esquecer que de forma hierárquica nossas vontades e decisões são tomadas pelos nossos mestres. O seu mestre direto, diretor de escola, e então para o chefe de região, então o Mando Nacional e assim até chegar a Delia, que é a representante direta dos deuses e do Ideal.
Além da devoção ao Ideal e aos mestres, o acropolitano tem uma devoção espiritual a todos os símbolos que representam de alguma forma eles, como se realmente fosse uma religião.
f. uma entidade que controla o destino do ser humano;
Bem, nesse caso, os Deuses. Como foi citado no tópico 1b acima a Grande Fraternidade Branca é uma organização supra-física (espiritual). Para muitos acropolitanso, até mesmo de II Nível essa entidade, ou grupo de entidades que rege a Nova Acrópole não é dado o conhecimento. É digno ressaltar ainda o último parágrafo do Curso “Introdução a Sabedoria do Oriente”:
“Este é o Plano da Hierarquia e assim será cumprido. Da intensidade do trabalho daqueles que sentem a necessidade de executá-lo, e do impessoal da sua canalização, depende o tempo que será empregado. Os Deuses e os Homens querem que seja o mais curto possível”.
Acredita-se que o discípulo quando chega a esse “nível” esteja quase totalmente submetido à hierarquia acropolitana.
A contra-argumentação que um defensor acropolitano pode vir dar a esse tópico é o fato de que não há nenhuma entidade que controla o ser humano, mas que o guia para superar essa sua etapa de personalismos. No entanto, para aceitar essa ajuda, o indivíduo tem que se submeter às crenças e condutas e doutrinas da Nova Acrópole. O que até então não passava meramente de uma escola de filosofia, e uma associação cultural. Quando analisados os preceitos acropolitanos à vertente do que Umberto Eco chama de Eterno Facismo, fica muito claro o objetivo que essa instituição tem. O tom político deixa de ser escuso e fica claro e evidente. [15]
O destino do ser humano é controlado pelos Deuses, ou pelos Senhores do kharma e do Dharma. Tem ainda os Demiurgos, ou senhores do mundo. O destino do acropolitano é controlado não só por esses, mas pela estrutura piramidal da instituição que diz diretamente o que cada um deve fazer em sua vida. (isso começa com a escolha do Raio quando o neófito passa a ser provacionista de força viva— no Brasil isso é feito por Michel Echenique Isasa, que de uma forma inspirada pelos deuses, te olha e diz a que você vai ter que se dedicar para continuar na Nova Acrópole).
g. o âmbito do ser;
O ser humano é constantemente dividido de forma prática acropolitana em dois: Kuravas e Pandavas. Ali, se limita todo o âmbito do ser. Tem-se a constituição Septenária, onde o ser é dividido em quatro partes inferiores e 3 superiores. Essas quatro partes são: Mente dos Desejos, Emocional, Energético, e Étero-físico. Para o acropolitano essa é a parte dos Kuravas, é a parte mais baixa na evolução e com isso eles têm que controlar cada parte de si.[16] A Parte Superior do ser é formada pelo: Mente Pura, Intuição e Vontade. Todas essas partes tem o seu respectivo em Sânscrito. Isso pode ser encontrado na apostila I Nível no módulo I de Ética.
Com essa subdivisão do ser, se delimita até onde o homem pode ir. Até a Mente dos Desejos. A partir dali o homem começa a superar a etapa humana, ou etapa animal. Como símbolo disso tomam Arjuna, herói do livro Baghavad Gita, que ironicamente nessa fábula épica (que para muitos acropolitanos é um registro histórico) é conduzido pelo Criador, ou Krishna.
O âmbito do ser é totalmente misturado com outras culturas. Faz-se relação da cultura grega com a hindu, e nomea-se escolas de mistérios. Todos com o objetivo de "instruir" acropolianamente o indivíduo a se entregar ao seu mestre.
Os passos para se controlar os subcorpos, ou os kuravas são desde pequenos testes de “formação de caráter” como superação física e participação grupal ou abandono de coisas próprias, como a escrita de um diário onde o acropolitano escreve e mostra a seu mestre onde errou naquele dia, ou o que aprendeu de acordo com o ensinamento acropolitano. Em um outro momento passa a escrever a sua “Carta de Degrau” quando passa a completar uma lista de alguns itens, tais como o celibato[17], e privação de horas de sono e alimentação.
h. uma fonte de conhecimentos e sabedoria transcendental.
A Tradição. Assim se comenta da fonte dos conhecimentos da Nova Acrópole. Blavatsky também dizia que se embebia de sabedoria da Tradição. O que é essa tal Tradição?
A chamada tradição (excerto do texto de Umberto Eco).
(...)Não era somente uma contra-revolução típica do Catolicismo logo após a revolução Francesa, mas isso nasceu no final da era Helênica, como uma reação à racionalismo grego clássico. Na base do Mediterrâneo, pessoas de diferentes religiões (maior parte dessas fés foram aceitas indulgentemente pelo panteão Romano) começaram a sonhar com uma revelação recebida na aurora da história da humanidade. Essa revelação de acordo com os tradicionalistas místicos, tem remanescida por muito tempo escondida sob o véu de línguas esquecidas — os hieróglifos egípcios, nas runas Celtas, nos pergaminhos das pouco conhecidas religiões da Ásia.
(...)
Como conseqüência não há nenhum avanço na aprendizagem. A Verdade já foi falada uma vez e por todos, e nós podemos ficar somente interpretando mensagens obscuras.
[18]
De uma outra forma a Tradição é aplicada na Nova Acrópole através do Nei Kung. Copilado de forma mediúnica por Michel Echenique Isasa, essa suposta arte marcial chinesa, considerada morta porque há milênios não se tem mais praticantes, aplica os preceitos do I-ching. O Nei Kung foi recebido por Michel pelos deuses que indicaram a ele o que fazer e quando fazer. Esse passou vários anos perambulando até que entrou na Nova Acrópole e deu continuidade, de acordo maior ainda com a tradição à difusão do Ideal. Alias quem estuda Nei Kung, deveras estuda o mesmo material acropolitano, e tem as mesmas submissões e condutas.
2. Práticas que supõem comportamentos de obediência e reverência ou culto.
Frequentemente você, ao fazer uma pergunta indevida, vai receber por resposta: “Você ainda não está preparado para tal informação” ou “O seu nível não te permite saber disso ainda” ou ainda, “Você ainda pensa demais para entender isso” entre outras demais possibilidades de resposta. Até então, o defensor pode dizer que não passa de um artifício didático para incitar o aluno à investigação. Infelizmente não. Geralmente assuntos em que se tem como resposta coisas desse tipo são assuntos ou controversos, ou paradoxais que a mente SÃ logo se reservaria de alguma veracidade do fato. Dessa forma se adia esses estímulos paradoxais ou mesmo contradições para um momento mais oportuno, quando o discípulo não tiver mais reservas mentais e acreditará em tudo o que o “mestre” mandar.
Ainda é digno citar mais uma vez, não por falta de fontes, mas por necessidade de reiteração: “E se tivermos que eleger o que devemos fazer, entre o que nós queremos e o que é válido ao Ideal, elejamos sempre o último” Capítulo XV Cartas a Delia E Fernando.
Quanto ao culto e a reverência vale ressaltar um dado interessante e ao mesmo tempo escabroso. Todo acropolitano, já Força Viva tem em sua casa uma foto de JAL, ou de Delia em um local de significado de culto. A foto está ali para lhes lembrar da “grandiosidade” e do que eles fizeram pelo Ideal.
A auto-negação, essa vida de pobreza estrita, que um observador de fora poderá enxergar como uma “humilhação Franciscana” é realmente o que dá o significado para a vida do acropolitano, e assim se torna uma razão para ter orgulho delirante. “Delirante” no sentido da falta de contato com a realidade em volta, que agora se tornou quase invisível (Texto de Miguel Martinez).
É comum a frase: “ Não tente entender mentalmente simplesmente obedeça” ou faça determinada coisa. Perguntar demais, ter reservas mentais sobre os seus mestres é um dos maiores “pecados acropolitanos”. O Sucessor hierárquico mais próximo é quem é capaz de entender um pouco mais algo que foi dito, e assim por diante, até chegar em você que não tem capacidade de entender nada, porque está mais distante do Ideal. A você basta obedecer e passar adiante tal mando ou preceito.
Numa conversa, eu já ex-acropolitano, e tentando ajudar alguns conviventes de forma imatura (lhes mostrando provas diretas do que é Nova Acrópole), perguntei um acropolitano — ele que tinha acabado de entrar para provacionismo de Força Viva, para o Corpo de Segurança— se caso Michel lhe pedisse para matar uma pessoa o que ele faria. A resposta de que mataria me assustou tremendamente. “Ele sabe mais do que eu, tem capacidade de saber mais sobre a realidade das coisas do que eu” me respondeu ele de forma devota e serviçal.
A obediência ao Ideal, ou ao mestre é construída através do tempo. A pessoa vai para um lugar com o objetivo claro de estudar filosofia. Nos primeiros momentos recebe uma carga enorme de estímulos paradoxais, que traduzindo a miúdos (não levando em consideração as outras condutas inseridas na mente do indivíduo de forma enganosa) é a submissão aos deuses, mesmo com dor, para sermos felizes e construir um mundo novo e melhor. Infelizmente isso não fica tão claro nesses primeiros meses. Ao começar o II Nível, se você não se dedica a alguma parte da escola, além da sua aula semanal, você vai ser chamado à atenção de forma direta ou indireta para que comece. A supervivêcia emocional, com a participação em um grupo é de grande importância para a sua submissão e obediência ao culto.
Todas as situações são controladas. Se um discípulo tem uma dúvida ou um problema pessoal ele nunca deve recorrer aos seus semelhantes. Digo, às pessoas que estão no mesmo nível que ele. Não se deve “atrapalhar o caminho do outro com suas dúvidas”. Dessa forma, só se recorre ao seu mestre. Amizade com liberdade de expressão não há entre acropolitanos no mesmo nível. Nem mesmo de níveis diferentes pois sempre se tem a idéia de hierarquia e de que quem está a mais tempo no Ideal seja melhor, mais próximo da Verdade e coisas parecidas.
A forma de dominação, ou de controle de consciência que exerce a Nova Acrópole vai desde o controle do tempo ocioso do discípulo até a privação de informação, sono e em alguns casos alimento.
3. Caráter coletivo ou grupal da expressão da vida religiosa.
Muito se fala de Idealistas que não estão na Nova Acrópole. Mas sempre esses idealistas não são apontados, nem dado a conhecer suas verdades.
O caráter coletivo vem da própria vivência dentro da própria sede. Os discípulos passam horas e até dias direto dentro da escola. Alguns fazem o seu sustento de forma conjunta com a Nova Acrópole montando institutos de arte, saúde, jurídico, artes marciais. Todos veiculados à Nova Acrópole.
A religiosidade do movimento vêm de uma forma discreta. Por se considerarem uma Associação Cultural, aos olhos alheios nada se modifica profundamente. Agora, para os familiares de acropolitanos a mudança do indivíduo é drástica e profunda ainda nos primeiros meses. Com o passar do tempo a pessoa se desfigura de tal forma (jeito de falar, roupa, gostos e gestos, sorriso, afeto, círculo de amigos, carreira, relacionamento amoroso, etc) que fica irreconhecível. Há alguns exercícios para levar o indivíduo a uma transposição de tempo e espaço como uma oração. Vi várias vezes o Michel Echenique Isasa ensinando a “formidável e mágica” tática de se fazer “parar o tempo”. Há a crença em entidades como Silfos, duendes, elementais...Voltando aos exercícios, muitos deles são meditações que em seu âmbito são colocados elementos acropolitanos, como a águia, ou JAL. O discípulo vai pouco a pouco substituindo toda a sua linguagem de leitura de mundo pela da Nova Acrópole através de exercícios e crenças difundidas dentro da seita.
Conclusão
Dentro desses parâmetros, claramente descritos Nova Acrópole realmente pode ser considerada uma instituição religiosa. O caráter destrutivo e neo-nazista serão analisados em outro texto. Quanto a possíveis contra-argumentações sobre seita ou não, podem fazer o alarde que quiser. Podem até mesmo dizer que tudo não passa de uma mera especulação de categoria. E que em verdade Nova Acrópole está muito acima dos preceitos humanos, é uma obra dos Deuses. Aceita a contra-argumentação. Mas não se deve esquecer que com esse breve relato da vivência e texto acropolitano já se pode aferir que Nova Acrópole é tudo, menos uma mera Associação Cultural de curso livre de filosofia.
Bibliografia
- Apostila de I Nível, Nova Acrópole
- Apostila de II Nível, Introdução a Sabedoria do Oriente, Nova Acrópole
- Cartas a Delia e Fernando, Nova Acrópole
- Bastion, várias edições
- Revista Nova Acrópole, várias edições
- Rodríguez, Pepe Adicción a sectas (Pautas para el análisis, prevención y tratamiento)
- Eco, Umberto , Five Moral Pieces, UrFacism
-,W. W. Atikinson, A Suggestão
- Site http://www.no-acropolis.beorn.ru/ e http://www.no-acropolis.info/
- Miguel Martinez “História de um Imperador”, no site http://www.kelebekler.com/cesnur/txt/liv-gb.htm
- Freud, Sigmund - Psicologia de las masas y analisis del Yo
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